sexta-feira, abril 23, 2010

"We are accidents waiting... waiting to happen"

Bagunça. Essa tem sido a melhor definição que eu tenho tido de mim mesma e dos sentimentos que eu carrego por aí. E se, por natureza, eu já sou indecisa e complicada, nesta condição de ser guiada por vontades e desejos é que tomar decisões se tornou ainda mais difícil.

Até parei de acompanhar a história do pobre jovem Werther. É que me incomoda alguém ficar tão estupidamente cego quanto eu, me angustia vê-lo se questionando da mesma forma que faço, me dói encontrar nele tanto de mim. E já faz um tempo que eu me seguro para não voltar a ser sentimentalóide ou ficar sofrendo por amores breves que acontecem nos ônibus, mas parece que não tem muito como fugir do que você sempre foi. Uma hora, acaba voltando mesmo. Paciência. Ou maturidade. Quem sabe crescer um pouco não resolva?

Tenho me questionado se ainda posso me dizer sem sorte, como define o endereço para onde essas conversas solitárias vão. Descobri que, pelo menos, uma vez na vida aconteceu de eu ter sentimentos por alguém que correspondia igualmente. Parece pouco pra eu já me dizer com alguma sorte, eu sei. Me pergunta se existe alguma perspectiva pra existir um "nós" e eu vou negar. É, parece muito pouco, acho que sou mesmo uma bela de uma otimista, mas quando nunca se teve muito, você aprende a valorizar até a reciprocidade de um sentimento que não vai dar em lugar algum. E "lugar algum" deve ser entendido como um futuro a dois, como nas historinhas que eu adoro assistir. Em compensação, levo um amigo por quem eu tenho os melhores sentimentos do mundo e que eu sei que tem muito carinho por mim.

Acontece, de vez em quando, de alguém me fazer sentir muito querida e se eu fosse explicar, ninguém entenderia bem o significado que essas declaraçõezinhas têm pra mim. Sem contar a importância que alguns olhares podem ter e a segurança que podem passar. Não sou uma pessoa de abraços, mas posso surpreender pedindo um até mesmo a estranhos. Porque eu preciso de gente. Eu preciso dos meus. E saber que a minha presença faz a diferença pra alguém já é o melhor motivo que eu tenho pra continuar vivendo, me decepcionando e continuando a acreditar.

Eu queria conseguir explicar a situação na qual estou. Queria poder dizer que sentimentos me fazer embarcar numa condição meio maluca e instável e apresentar os motivos lógicos pelos quais eu não deveria fazer isso, mas tudo se confunde num desejo muito forte de estar perto de quem eu gosto e essas coisas nunca se explicam. A gente só sente e reza pra nunca mais passar na vida. Embora, sempre passe.

quarta-feira, abril 21, 2010

"Hot as a fever, rattling bones I can just taste it ... If it's not forever, if it's just tonight"

Pra começar, eu nem queria essa música de título para o post, embora, no momento, até faça algum sentido. O problema é que tenho adiado algumas coisas e na hora que vou resolver, o momento já passou e, por mais que eu tente, o resultado fica mais sem graça do que deveria ter sido, caso eu não tivesse brecado minhas vontades por puro medo de... Não sei. Não sei do que eu tenho sentido medo, ultimamente. Talvez ainda sejam problemas com as possibilidades de mudança em breve.

Queria ser o tipo de pessoa que acredita que signos é a maior tolice já discutida pelos seres humanos. Queria mesmo. Assim, eu não pensaria que devo essa minha repulsa à mudanças pelo lado pé no chão e, por vezes, rotineiro dos virginianos. Também não colocaria a culpa de seguir minhas vontades mais loucas na impulsividade sugerida pelo meu ascendente ariano. Muito menos, atribuiria toda a minha carência e emotividade à lua em câncer. Mas o problema é que eu acredito um bocado nessas coisas.

Mas nem era sobre mapa astral que eu gostaria de falar, mas sobre as mudanças. 2010 começou e eu ainda não fiz quase nada para construir o processo de transformações que devem acontecer na minha vida nos próximos meses. Ah, esse medo de mudar e essa vida de auto-sabotagem. Mas é que eu não sei desapegar e ainda não me acostumei à idéia de que escolhi um rumo que vai me colocar distante das pessoas que eu gosto, por bem ou por mal.

Sem contar que de ums meses para cá, as pessoas resolveram perceber que eu existo. Para quem sempre foi invisível aos olhos de todos, isso é no mínimo esquisito. E nem sei se dessa mudança, aparentemente boa, eu gosto.

Tá, de certas pessoas me notando, eu até tenho gostado. ;)

quarta-feira, março 24, 2010

"Why do you come here when you know it makes things hard for me?"

eu queria tanto conseguir descrever a cena da forma que apareceu no meu vislumbre, mas sempre ficarão faltando elementos que somente o carinho que eu tenho pela história é capaz de preencher.


Mas então estava terminando mais um exaustivo dia daquele em que tudo que você mais quer é encontrar um pouco de paz e conforto pra que quando a noite chegue, você possa simplesmente contemplar o céu e todas as estrelas em volta da lua. O sol ainda não tinha se posto, o que para muitos podia dizer que o calor incômodo perduraria por mais algumas horas, mas para ela significava apenas que o dia não tinha acabado e ainda haviam chances. Então, despreocupadamente, uma moça quase igual às outras moças que andam pelas calçadas daquela grande avenida atravessa, quase saltitando sobre a faixa de pedestres, adentrou a charmosa loja de aroma gostoso. Ah, o cheiro da canela se misturando ao das tortas saídas do forno e ao café feito na hora.

Só isso seria o bastante para justificar o sorriso que ela estampou no rosto ao passar pela porta. Foi direto ao balcão, fez o pedido de sempre e caminhou até uma das confortáveis poltronas. Mas a sua tranquilidade parecia abalada por um detalhe. Faltava algo e seu olhar denunciava. Tentou distrair-se com uma brincadeira que fazia quando era criança. Pegou a xícara de capuccino ainda fumegante e suspendeu-a no ar para ver embaçar a imagem do outro lado da sala pela fumacinha saindo da bebida quente. Então, apareceu a figura dele ao lado da estante de livros de viagens, exatamente, no ângulo para o qual ela direcionava o olhar que atravessava o fumegar da xícara.

Ele segurava um livro aberto nas mãos e conversava com outra pessoa, quando olhou na direção dela e, ao percebê-la, a encarou fixamente. Ela olhou timidamente de volta, mas não conseguiu fixar o flerte por muito tempo sem abrir um largo sorriso em direção a ele. Sem graça, fitou o chão tentando se esconder após tamanha denúncia feita com aquele sorriso tão rapidamente enviado. Tentou reestabelecer os olhares e ao cruzarem-se, aconteceu como um estalo, uma sensação boa, como quem encontra abrigo após um dia de tempestade e agora já podia descansar em segurança. Ela lhe deu outro sorriso tímido, mas compatível com o olhar que ele lhe lançava. Um olhar discreto, mas que atravessava a alma dela e que compreendia exatamente o que queria dizer aquele sorriso de menina acompanhado do olhar de quem não hesitava quando o assunto era ele. Assim acontecia o encontro que faltava para completar o dia.

O encontro de olhares que agora, enfim, fazia com que aqueles dois pudessem encontrar a paz desconhecida pelos corações aflitos dos poetas tão reprimidos pela recusas de suas musas.

segunda-feira, março 22, 2010

"Don't get me wrong if I'm acting so distracted. I'm thinking about the fireworks that go off when you smile."

Mas sabe aqueles dias que parecem ter tudo?

Tem a chuva da manhã cedinho que te faz não ter vontade de levantar da cama, de ligar pro chefe e inventar uma desculpa qualquer só pra poder ficar deitado mais algum tempo embaixo das cobertas aproveitando o vento frio que entra pela janela. Tem o sol depois te lembrando que a semana ainda está no começo e ainda há muito a fazer e que, pra seguir em frente, é preciso força pra perceber que a estrada vai muito além do que se vê. Têm boas conversas e também ótimas lembranças que te fazem recordar que algumas pessoas simplesmente valem muito a pena e tê-las por perto já é um maravilhoso presente da vida.

Mesmo nesses dias que parecem ter tudo, ainda falta algo.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

"Some things should be simple, even an end has a start"

O ano terminou e eu não consegui escrever aqui as promessas para 2010. Muito provavelmente isso é culpa de uma certa desilusão sobre as coisas, sobre o futuro e sobre as pessoas. Não, "desilusão" talvez seja forte demais, digamos que estou tentando racionalizar um pouco mais as relações. Talvez eu só esteja pleiteando vaga no partido da real, mencionado há algumas semanas por um bom amigo meu. Aliás, são as conversas com esse amigo que estão me abrindo os olhos para perceber que quem provoca tanta dor em mim sou eu mesma. Eu e essa essa minha necessidade de fantasiar em cima das pessoas e seus atos, de achar que assim como nos filmes, tem que haver alguém ali perfeito para mim. Imediatamente.

Claro que permaneço acreditando na existência dessa pessoa por aí, pelo mundo, mas estou tentando acalmar o coração com a pergunta que foi feita pelo amigo racional: "Pra quê tanta urgência?".
Não, o mundo não vai acabar amanhã e ainda há muito a ser visto e vivido até que eu resolva aquietar minha alma nos braços de alguém verdadeiramente especial, alguém que também espera por mim. Talvez essa pessoa nem saiba disso ainda e a minha pressa em ter alguém acabe provocando desencontros.

Não, chega de desencontros. Tudo que eu preciso agora é paz para o meu coração e serenidade para esperar os momentos certos, as pessoas certas. Tenho descoberto que a vida pode ser muito divertida, mesmo sem o príncipe encantado dos filmes ao seu lado. Ainda mais quando se tem amigos tão fantásticos como os meus.

Ah, e sobre o post anterior, parei com isso de reclamar a decisão dos outros. Cada um escolhe o que lhe julga melhor para o futuro, se eu não faço parte dessa escolha, paciência. Vai ser melhor para os dois desta forma. À esta altura do que digo, quem me conhece deve estar assustado desconhecendo quem escreve isso. Calma! Não deixei de ser sentimental ou melancólica, apenas estou querendo um 2010 menos doloroso do que foi 2009.

Tá, isso só se mantém se eu me manter distante do Edward Cullen. =x


[Deus, pode tocar Editors na minha trilha sonora até o final da vida?] =)

sexta-feira, dezembro 18, 2009

"I've traveled half the world to say, I belong to you"

Como saber qual caminho é o certo a tomar? Digo, não espero escolher a estrada que leva ao pote de ouro, mas se tiver um paisagem bonita que me encante em alguns momentos, já me sinto satisfeita. A maioria das escolhas que faço é pautada muito mais por intuições do que por cálculos matemáticos e estratégicos, mas, no momento, me encontro tomada por muitas dúvidas. Além de não saber por onde seguir, não tenho idéia de quem pode se juntar a mim nessa caminhada.

É, sempre termina sendo sobre alguém. O pior é que se já é difícil tomar minhas próprias decisões, como posso segurar a mão dele e dizer que comigo valeria mais a pena? Se o outro decide que é melhor uma história sem você, como convencê-lo do contrário? Mas e se ele parece ideal pra você, como deixá-lo ir sem ti? Como saber se ele não está a espera de um sinal seu ou se de nada adiantará os passos que você der a frente?

É possível sentir que pertence a alguém sem que essa pessoa te pertença?



"You say 'Come touch me'
But you're always out of reach"

domingo, novembro 08, 2009

"... your heart belongs to someone you've yet to meet / Someday you will be loved"

Eu deveria estar estudando, quando decidi trocar algumas dezenas de páginas de "Meditações" do Descartes por um romance que estava passando na TV. Não se tratava de um grande sucesso, nem tinha atores fantásticos no elenco e a história parecia um pouco difícil de funcionar, mas, por algumas frases¹, cenas e situações, ele se tornou um ótimo filme.

Apesar do enredo ser meio absurdo, eu sempre me interesso pela forma como as pessoas se conhecem e, nesse caso, foi de uma maneira que despertou meu interesse.
Ele a vê num parque e comenta com um amigo que ela seria uma pessoa com quem ele gostaria de conversar um dia, mas deixa passar a oportunidade. Eles são completamente desconhecidos. Mais tarde, ele a reencontra, tem a chance de salvá-la e eles começam a passar algum tempo juntos. Eles são completamente diferentes, mas ele sente que por maiores os estragos que ela cause a sua vida, ele a quer por perto porque se sente apaixonado. Ele conseguiu perceber [no auge dos atos inconsequentes e desastrosos dela] um pedido de ajuda e resolver correr todos os riscos porque ele queria saber como terminaria aquela história [e se ele estaria no final com ela].
Segundo um sábio senhor que aparece já nos minutos finais, "destino é a ponte que você constrói até a pessoa que ama" e esta foi uma das coisas que vieram à minha cabeça durante o filme: como as pessoas podem colocar toda a responsabilidade sobre o que lhes acontecerá em algo chamado destino?


Às vezes, é necessário esforço, mas algumas pessoas preferem arranjar desculpas para evitar a culpa por um possível fracasso. Claro que eu acredito que nem tudo está ao nosso alcance, mas a minha reclamação é sobre quando se tem uma oportunidade e a deixa passar.
Por que as pessoas deixam o amor passar?
Abrem mão e esperam que alguma coisa a mais lhes aconteçam, quando a magia está na história que poderiam ter escrito e vivido juntos.

Antes do filme, alguém especial falou sobre as músicas não terem alguém para serem cantadas e isto me fez pensar no quanto é frustrante essa espera por alguém que dê sentido às coisas.
Na verdade, é uma idéia esquisita já que a música é uma das coisas que dá sentido à maior parte do meu dia. Muitas letras contam histórias minhas, muitas melodias me transportam a momentos do passado e algumas outras à situações que nunca existiram; elas conseguem me tocar e despertar sentimentos.
A música deve ser uma espécie de ponte que conecta a alma ao corpo, é incrível o poder que algumas canções têm e me dei conta disso a pouco, escolhendo a música que seria título desse post.

"So Brown Eyes, I'll hold you near
cause you're the only song
I want to hear
A melody softly soaring thought my atmosphere".



¹. Once in your life, if you are very lucky, you will meet the person who divides it - into the time before you met her and the time after.

domingo, setembro 27, 2009

"E aí, não há sequer um par pra dividir..."

Não, 'não há mulher que goste dessa vida,
ela não quer viver as coisas por você'.

Nos últimos dias, as conversas foram sempre em torno desse tema e agora essa música não sai da cabeça. E não, eu não vou dizer "Tá Bom" como é o título da música. Me recuso. Só é meio cansativo não encontrar nada de interessante pelo caminho, nem que seja pra convencer que há luz no fim do túnel, mas o jeito é continuar tentando.

Eu sou uma pessoa de incontáveis medos, dos mais comuns aos mais exóticos, mas tem um que realmente me apavora: o de viver algo 'morno' por receio de colocar um ponto final. É, isso tem a ver com o medo de ficar sozinha, mas acho que esse tipo de experiência é pior que estar sozinha. Não ter ninguém ao seu lado pode ser a constatação de que aquela pessoa que dividiria uma vida com você não apareceu no seu caminho. No entanto, ter uma vida sem graça ao lado de outra pessoa e saber da insatisfação dela deve ser ainda pior porque além da pena que ela deve sentir por você pra estar ao seu lado, você ainda é culpado por proporcionar um final triste pra vida daquela pessoa.

Essa conversa toda tem a ver com a minha desistência sobre algumas pessoas. Me sinto até corajosa me desapegando, mas, às vezes, me pergunto se não é cedo demais ou se é a coisa certa a ser feita. Como ninguém tem essa resposta a me dar, concluo que se cheguei a essa resolução, é porque deve ser. Ninguém melhor que você mesmo pra saber dos rumos da sua própria vida.
E juro que dou muitas oportunidades, mas tem uma hora que, por menor que seja o seu amor-próprio, você decide que 'Chega!'.

É, 'a gente ria tanto desses nossos desencontros, mas você passou do ponto e agora já não sei mais'.

quinta-feira, setembro 10, 2009

"Há quem diga que é o meu fim... Mas meu coração não quer viver batendo devagar"

Eu não sei frear e não me peça para tentar porque eu posso simplesmente parar no meio do caminho. Então, se não quiser caminhar sozinho, me deixe livre para acelerar e diminuir a velocidade dos meus sentimentos até que encontremos a sintonia entre nossos passos.

Quase sempre estou em cima do muro e facilmente posso te deixar escolher por mim, mas se a minha vontade estiver no sentido contrário da tua, eu não hesitarei em satisfazer-me.
[É, essa foi uma das lições que aprendi.]

Não, eu não vou cobrar nada e nem sufocar, eu te prometi isso, mas temo que toda a liberdade que eu te der se confunda com desinteresse. É que eu tenho esse problema, essa pressa de viver e mesmo acreditando que tudo deve acontecer naturalmente, eu não gosto de ver restrições ao que posso sentir.

Liberdade também tem a ver com isso.

quinta-feira, julho 30, 2009

"So take me, don't leave me. Baby, love will come through it's just waiting for you"

Quando o conheci, logo notei que existia algo de mágico entre nós.
Dizer que "já sabia" é prepotente demais, mas a gente sente quando algo é diferente do comum. E ele era muito diferente do que pode ser encontrado por aí. Na verdade, nós éramos diferentes e tínhamos uma relação inexplicavelmente boa. Talvez por isso, o fim também foi abrupto e inexplicável. Tal qual a forma que ele chegou.

Quando o conheci, eu usava uma frase que fez muito sentido para o momento e, por isso, o título também poderia ser "I feel my luck could change". Certamente, minha sorte mudou depois dele.

Talvez eu não devesse me expor tanto, mas hoje bateu alguma esperança. Alguma fé que as coisas mudem, melhorem, me surpreendam. Ah, mudanças repentinas...
Eu sempre tive muito medo do inesperado até o dia em que alguém fantástico surgiu do nada, de um acaso do destino, então eu pude reavaliar o valor das 'surpresas' e 'mudanças'.
Ele me fez bem, por muito tempo. Dá até uma certa euforia reler as nossas mensagens, era tudo tão reciprocamente mágico, uma ligação tão bonita. Esses dias nos falamos e a conexão continua.
Talvez tenhamos outra chance. Talvez não.

"Tempo ao tempo" - como ele disse numa das nossas primeiras conversas.

quinta-feira, julho 16, 2009

"My today fell in from the top I dream of you and all the things you say..."

A verdade é que a minha vida é cheia de dramas e algumas comédias, de vez em quando, tem algum terror, mas o que me faz falta mesmo é um romance. Preciso de um romance e isso está impregnado na minha essência. Talvez seja por isso que não consigo imaginar uma existência solitária e completa, ao mesmo tempo.

Pra ser completa é preciso mais que uma parte, é necessário um encaixe. E é por isso que essa angústia não tem fim, porque parece que a cada dia está mais longe de achar a outra parte que me completa... é doloroso pensar que quando cheguei perto disso, bom, esse plano precisou ter um fim sem explicações explícitas.

Ah, às vezes, penso que estou fadada a entrar em relacionamentos com desfechos tristes por causa do meu gosto pela dor. Realmente, a dor física não me incomoda tanto como faz com as outras pessoas, não sei se masoquista seria uma boa definição, mas talvez esse seja apenas um reflexo do hábito de me machucar. E não falo dos machucados literais, mas daqueles na alma.

Confesso que, às vezes, essa despreocupação com dores físicas me preocupam porque eu tenho pensamentos auto-destrutivos quando me sinto emocionalmente abalada. E quando a dor física é proveniente de um abalo emocional é que dói de verdade, que sufoca, que machuca e, então, dá vontade de me machucar de verdade para que uma dor se sobreponha à outra. O medo é por não saber até onde tenho controle pra não me machucar de verdade. Sabe aquela história de que se você sente dor de cabeça, bata o pé no canto da mesa, assim sentirá mais a dor do pé e esquecerá a da cabeça? Pois é, é por aí a minha vontade de esquecer o que alguns pensamentos me causam.

Enfim, essa conversa tomou outros rumos. Ah sim, é porque tudo isso foi escrito num momento de dor latente, sufocante e angustiantemente sem fim. Devo ter mencionado anteriormente, mas tudo isso é fruto de uma pessoa desesperançosa. No momento.

segunda-feira, julho 06, 2009

"Eu fiz o meu melhor, guardei o meu pior pra mim..."

O problema foi exatamente esse. Eu fiz o meu melhor e guardei o meu pior pra mim. E por ter guardado tanta insegurança, tanto amargor e tão pouco amor próprio é que todos os dias, quando acordo sentindo um vazio que quase machuca eu tenho que culpá-lo. Sim, eu preciso colocar a culpa nele que me fez ser melhor, que me deu coragem pra seguir em frente e ousar sonhar, mas me deixou sozinha na estrada por algum motivo ainda desconhecido.
Como ele ousa fazer isso, mesmo sabendo que tenho medo do escuro, medo de gente e de solidão? Ele diz que se foi e não foi por não me amar, mas que motivo maior nos afastaria quando o laço que nos une é o amor?


Nessas horas, você duvida de Deus, de céu e do maldito amor.
Se Deus existe, ele não pode permitir que alguém se iluda tanto e depois se perceba sozinho, jogando a sua fé nas coisas e nos homens na lata do lixo.
Como acreditar num céu que só existe por rápidos segundos?
Pode ser apenas um sonho.
E amor, que tipo de sentimento pode cegar tanto, quase nos deixar loucos e depois nos amargurar tanto? Como algo que dizem ser tão belo pode fazer sofrer aqueles que o sentem?


Eu admiro quem tem fé nas coisas. Admiro mesmo e, ainda mais, nos dias de hoje... quando cada tentativa termina uma grande desilusão.
Bah, ando sem forças pra acreditar um pouco mais, mesmo sendo da minha essência sempre dar mais uma chance às coisas.
Existem histórias que nos enchem de esperança e vontade de tentar, mas essa última só me destruiu e me fez deixar de acreditar em mim mesma e no poder das coisas que eu quero realizar.
É que para alguns é difícil se desfazer de algumas idéias quando elas parecem tão apropriadas e se encaixam bem no rumo das coisas, mas, às vezes, é só isso que resta. É a tal lei do desapego que eu não consigo seguir.
Nessas horas, deve existir ao menos a esperança no amanhã.

domingo, abril 19, 2009

"... do nosso amor, a gente é quem sabe"

Gostar de alguém é algo sem explicação.
O jeito de sorrir ou de caminhar, as manias, a maneira de mexer no cabelo, as músicas que cada um gosta ou o apreço por filmes que viram separadamente, mas que os une pela impressão que causou, os livros que leram e, até mesmo, as posições contrárias sobre determinados assuntos, que demonstram que nem sempre ser compatível em tudo é o melhor e o quão interessante é o outro por manter-se fiel às suas idéias. São pequenas as coisas que podem unir pessoas, que podem fazer com que elas percebam o algo a mais.
Você gosta pela entonação empolgada na voz dela ou pelo jeito de olhar pros casais de velhinhos na saída do cinema. Você percebe que gosta não porque ele te olha como a mulher mais bonita do mundo, mas porque ele percebe quando você está mais carente e fica contigo um pouco mais.
A vontade de estar perto, de conversar até o sol raiar e adormecer juntinho, a saudade que aperta no meio do dia ou o fato de despertar com o pensamento nele e só por isso já abrir um sorriso... Essas coisas não se explicam e nem devem ser explicadas porque gostar tem a ver com sentir e não com contabilizar o crescimento ou a intensidade dos sentimentos.
Quando se gosta de alguém de verdade, o mundo ganha novas cores, mas parece desnecessário poder observar tanta novidade se a pessoa de quem se gosta não está ao lado. Não falo de fazer planos, mas do presente, de querer dividir tudo de bom que aparece no caminho. Dividir. Esse deve ser o ponto alto do gostar, quando você deixa de se enxergar como um e começa a pensar como dois. Não falo de anular-se, mas de compartilhar o bom e o ruim, de estar por perto e querer fazer parte da história que vai se construindo dia após dia.
Compreender o outro, entender suas falhas, aproveitar os acertos e estar junto para recomeçar sempre que for necessário, isso sim é gostar.

quarta-feira, março 25, 2009

"Quando eu te vi andava tão desprevenido que nem ouvi tocar o alarme de perigo..."

Dois minutos. Dois telefonemas. Duas vidas.
Ela já estava cansada de procurar e numa manhã qualquer (muito provavelmente por conta do acaso), ela atendeu o telefone sem saber que aqueles minutos definiriam os seus pensamentos pelos próximos dias.
Claro que ela não reconheceu a voz do outro lado da linha, mas a chamada era para aquele número mesmo, no entanto, por alguma abençoada força do destino, a pessoa procurada não poderia atender naquele momento e a garota pôde ter mais alguns segundos explicando o desencontro da chamada ao rapaz.
Silêncios estranhos, vozes adocicadas. Eles eram desconhecidos, mas aquela ligação tinha um som diferente. Ela quis continuar na linha, mesmo sem ter um assunto para conversar ou intimidade para isso. Desligaram. Ela voltou para o filme que assistia antes do telefone tocar, mas não conseguia de fato "voltar" para a história e passou os minutos seguintes pensando no rapaz de voz mansa. Odiou-se por não ter conseguido criar uma forma de prendê-lo por mais alguns segundos.
Então, seus pensamentos de decepção foram cortados pelo toque do telefone e, sem pensar muito, ela correu sorrindo para o cômodo ao lado, torcendo para que fosse ele, apenas para dizer-lhe um "Olá" novamente e sentir se tinha mesmo algo de diferente naquela situação. Ao levantar o gancho, teve certeza, era ele!
Continuava sem saber o que dizer para prolongar aquele momento, a negativa quanto a pessoa que ele procurava falar continuava, mas ela não queria desligar, não daquela forma... tinha que ter algo mais, aqueles estranhos silêncios entre eles tinham algo a dizer, ela só não conseguia decifrá-los.
Foi isso, sorrisinhos contidos e pausas que queriam dizer mais que as próprias palavras trocadas. Existia algo ali, mas ela não compreendia o que era.
Conhecia o subtítulo de Closer ("If you believe in love at first sight, you never stop looking") e acreditava em relações construídas à primeira vista, por isso, ela mesma nunca parava de olhar... mas aquilo era novo, ela não o viu, não sabia do seu sorriso, nem do seu olhar, mas desconfiou de algo que tinha ficado no ar. Na segunda ligação, apesar da simpatia, ficou claro que ele não ligaria novamente e ela ficou mais algum tempo pensando se era imaginação dela ou o desencontro dele havia possibilitado o encontro do dois.

quinta-feira, novembro 13, 2008

"tenho medo de gente e de solidão..."

Ontem sonhei que estava em frente a entrada da faculdade vendo o tempo passar e, de repente, uma senhora se aproximou pedindo informação, querendo saber como se chegava a uma parada de ônibus. Ela tinha um ar tão doce e frágil e, como eu estava totalmente livre, resolvi dar o braço para acompanhá-la até o ponto de ônibus mais próximo.
Normalmente, é isso que faço quando me pedem informação e eu não sei bem dizer como chegar no lugar, levo a pessoa até lá e pronto, melhor que confundir com indicações apressadas.
No caso da senhora, era simples, só bastava dizer pra ela andar mais um quarteirão, mas algo me fez querer ir com ela. Decidi que iríamos por dentro dos jardins da reitoria, afinal, tinha um clima mais agradável, além de ser mais seguro do que ir por fora. Quando atravessamos a rua, um rapaz se aproximou dela e a segurou pelo outro braço. Acho que era neto dela, talvez, sobrinho.
Ele tinha um sorriso encantadoramente cativante. Não lembro se trocamos palavras, acho que sim, estava me sentindo tão bem indo com eles até a parada. Acho que conversamos sim e ele ia se tornando mais interessante a cada segundo, até que num piscar de olhos, a senhorinha sumiu e ficamos só eu e ele. Na hora, levei um susto, mas logo passou, afinal, ele estava lá comigo.
Caminhamos mais alguns metros e, noutro piscar de olhos, ele deparareceu também e todo aquele espaço agradável do jardim tinha se transformado em um lugar abandonado, cheio de sucata, muito assustador.
Eu comecei a gritar por ele, totalmente em pânico, querendo alguma ajuda ou proteção, mas algo me fazia sentir que eu tinha sido enganada, que ele já sabia meus medos e tinha planejado aquilo só para ver o quanto eu ficaria apavorada. A imagem daquele lugar já era aterrorizante e a certeza que de que eu estava alí, completamente sozinha, piorava ainda mais a situação.
Corri, gritei, chorei e ninguém apareceu.
Acordei atônita, sem saber direito até onde eu tinha sonhado, ainda sentia o medo dentro de mim e a terrível sensação de estar só naquele lugar sombrio permanecia na cabeça, na alma.


Eu sempre achei que os sonhos refletiam um pouco da realidade, nesse caso, fez algum sentido mesmo. No entanto, continuo conhecendo estranhos e os deixando entrar na minha vida, sem restrições, só tenho desviado mesmo o caminho da reitoria.